Cloudflare e o Retorno do X no Brasil: Uma Solução ou Um Novo Impasse?
- godsconnection
- 19 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Após semanas de tensões envolvendo o bloqueio da rede social X no Brasil, um novo capítulo surgiu com o uso estratégico da Cloudflare. A plataforma de Elon Musk, que estava suspensa desde o final de agosto por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), retornou temporariamente ao ar graças à mudança de seus servidores para a infraestrutura da Cloudflare, o que complicou a execução do bloqueio.
A estratégia utilizada pelo X envolveu a adoção de IPs dinâmicos fornecidos pela Cloudflare, tornando o bloqueio dos provedores de internet brasileiros mais difícil de ser implementado. Segundo especialistas, ao compartilhar os mesmos IPs com grandes plataformas como bancos e outros serviços legítimos, a operação para banir exclusivamente o X passou a impactar uma ampla gama de serviços essenciais. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), encarregada de executar a suspensão, notificou a Cloudflare sobre o uso de sua infraestrutura, mas a empresa ainda não possui uma representação legal no Brasil, o que tem gerado um novo impasse jurídico.
O retorno temporário da rede social, porém, foi classificado como um "erro técnico" pela empresa de Musk, que afirmou estar cooperando com as autoridades brasileiras para que o acesso ao X seja restabelecido de forma oficial. No entanto, críticos apontam que o uso da Cloudflare foi uma manobra deliberada para evitar o cumprimento das ordens judiciais brasileiras.
O professor David Nemer, da Universidade da Virgínia, explicou que esse tipo de bloqueio é extremamente complexo. "A Cloudflare atua como um 'proxy reverso', distribuindo o tráfego em uma rede global de servidores, o que torna praticamente impossível isolar um serviço sem afetar outros", afirmou.
Embora a Anatel já tenha solicitado o bloqueio do X pela Cloudflare, o uso de redes de distribuição de conteúdo (CDN) levanta questões importantes sobre a capacidade das autoridades nacionais de controlar a infraestrutura digital globalizada. Muitos temem que, a menos que novas medidas regulatórias sejam implementadas, essa possa ser a primeira de muitas situações em que a legislação local é desafiada por soluções tecnológicas globais.
O futuro do X no Brasil continua incerto, mas a relação entre a Cloudflare e a retomada da rede social marca um ponto de inflexão sobre como as empresas de tecnologia podem navegar em um ambiente jurídico cada vez mais complexo e interconectado.
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